BRASÍLIA (Folhapress) - Longe de encerrar a crise iniciada há 17 dias, o Governo Federal anunciou, ontem, mais seis demissões no Ministério dos Transportes e no DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre). As exonerações atingem principalmente nomes ligados ao PR, partido que controla a pasta desde o governo Lula. São esperadas pelo menos mais duas saídas. Ao todo, 12 pessoas foram afastadas do Governo após denúncias de superfaturamento de obras e pagamento de propina no setor.
Ontem, o ministro Paulo Sérgio Passos, há uma semana no cargo, submeteu ao Planalto o nome do técnico Deuzedir Martins, que deve ocupar a Secretaria Executiva da pasta ou ser remanejado para a direção do DNIT. Atual gerente da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Martins atenderia ao critério definido pela presidente Dilma Rousseff (PT) de montar uma equipe técnica e sem indicações políticas para a pasta.
Foram exonerados ontem José Osmar Rocha, Estevam Pedrosa, Darcy Michiles e Maria das Graças de Almeida. Rocha era indicado pelo deputado Valdemar da Costa Neto (PR-SP), um dos controladores do PR. Os outros três eram da cota do ex-ministro Alfredo Nascimento (PR-AM), que deixou o cargo na esteira das acusações de corrupção. Maria das Graças e Michiles foram exonerados “a pedido’’, diz o “Diário Oficial’’.
No DNIT, outro afastado foi Mauro Sérgio Almeida Fatureto e Luiz Claudio dos Santos Varejão, indicado pelo PT e que é ligado ao diretor do órgão Hideraldo Caron, cujo afastamento já foi decidido pelo Governo e deve ser efetivado nesta semana.
A situação mais delicada era a de Rocha. Ele integrou o chamado Grupo Executivo, um comitê encarregado de administrar a dívida do antigo DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem), que deu origem ao DNIT e é controlado por Valdemar Costa Neto. Rocha é acusado de dar o aval para contratação de uma empresa de fachada pelo DNIT por R$ 18,9 milhões, segundo o jornal “O Estado de S. Paulo’’.
Os afastamentos foram decididos pelo ministro em comum acordo com a presidente. Passos recebeu aval de Dilma, com quem tem se reunido diariamente, para fazer uma reestruturação na pasta. Ex-secretário executivo, Passos foi efetivado na semana passada por Dilma, apesar da contrariedade do PR. Ela havia convidado o senador Blairo Maggi (PR-MT), mas ele recusou.
A crise teve início no último dia 2 com o afastamento de quatro integrantes da cúpula do setor citados em reportagem da revista “Veja” como operadores de um esquema de corrupção no ministério. Há ainda a promessa de demissão do diretor-geral do DNIT, Luiz Antonio Pagot, que formalmente está de férias e retorna na primeira semana de agosto. Já Frederico Augusto de Oliveira, chamado por Pagot de “boy’’, foi também afastado, apesar de não estar na lista oficial de nomeados.
Fonte: Folha de Pernambuco
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