sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Saúde - Tudo sobre o Aedes aegypti mais conhecido como Mosquito-da-Dengue

Saúde
Aedes aegypti (DENGUE) - Prevenir é o melhor remédio
Dicas e informações relevantes sobre este assunto.
Um exemplar de Aedes aegypti adulto

Larva de Aedes aegypti

O Aedes aegypti pertence à família Culicidae, a qual apresenta duas fases ecológicas interdependentes: a aquática, que inclui três etapas de desenvolvimento – ovo, larva e pupa -, e a terrestre, que corresponde ao mosquito adulto.



A duração do ciclo de vida, em condições favoráveis, é de aproximadamente 10 dias, a partir da oviposição até a idade adulta. Diversos fatores influem na duração desse período, entre eles a temperatura e a oferta de alimentos.

OVO – Os ovos são depositados pela fêmeas acima de meio líquido à superfície da água, ficando aderidos à parede interna dos recipientes. Após a postura tem início o período de incubação, que em condições favoráveis dura 2 a 3 dias, quando estarão prontos para eclodir.

A resistência à dessecação aumenta conforme os ovos ficam mais velhos, ou seja, a resistência aumenta quanto mais próximos estiverem do final de desenvolvimento embionário. Este completo, eles podem se manter viáveis por 6 a 8 meses. A fase de ovo é a de maior resistência de seu biociclo.

LARVA – As larvas são providas de grande mobilidade e têm como funçào primária o crescimento. Passam a maior pare do tempo alimentando-se de substâncias orgânicas, bactérias, fungos e protozoários existentes na água. Não selecionam alimentos, o que facilita a ação dos larvicidas, bem como não toleram elevadas concentrações de matéria orgânica na água.

A duração da fase larval, em condições favoráveis de temperatura (25 a 29º C) e de boa oferta de alimentos, é de 5 a 10 dias, podendo se prolongar por algumas semanas em ambiente adequado.

PUPA – A pupa não se alimenta, apenas respira e é dotada de boa mobilidade. Raramente é afetada por ação de larvicida. A duração da fase pupal, em condições favoráveis de temperatura é de 2 dias em média.

ADULTO – Machoi e fêmea alimentam-se de néctar e sucos vegetais, sendo que a fêmea depois do acasalamento, necessita de sangue para a maturação dos ovos.Há uma relação direta, nos países tropicais, entre as chuvas e o aumento do número de vetores. A temperatura influi na transmissão da dengue. Raramente ocorre transmissão da dengue em temperaturas abaixo de 16º C. A transmissão ocorre preferencialmente em temperaturas superiores a 20º C. A temperatura ideal para a proliferação do Aedes aegypti estaria em torno de 30 a 32 ºC.

O Vírus

Vírus: São encontrados 4 sorotipos: Den-1, Den-2, Den-3, Den-4. 
Ciclo de transmissão: Homem - Aedes - Homem. 
Modo de transmissão: Picada do mosquito fêmea (durante o dia, geralmente pela manhã e entardecer). 

Período de transmissibilidade: Intrínseco (no homem): um dia antes do início da febre até o sexto dia da doença (às vezes até 9 ou mais); 

Extrínseco (no mosquito): após a picada em pessoa infectada, aloja-se nas glândulas salivares e se multiplica depois de 8 a 12 dias. O mosquito o transmite durante toda a sua vida (6 a 8 semanas). 
Período de incubação: 3 a 15 dias, média de 5 a 6 dias. 
Susceptibilidade: Universal. 
Imunidade permanente: Conferida apenas ao sorotipo causador da infeção. 
Estação de maior incidência: Verão, período de chuvas, devido ao aumento dos índices de infestação do vetor. 
Morbidade: Estima-se o acometimento de 20% da população (quadro leve ou assintomático). 
Mortalidade: Febre Hemorrágica da Dengue não tratada ou erroneamente tratada: 40 a 50% . 
Em 1981 em Cuba, 344.203 casos (precedida por epidemia pelo Den-1 em 1977), com 34% de internação, letalidade hospitalar de 0,13% e geral de 0,046%. 
Venezuela (1989/90): letalidade geral de 0,26% e de FHD de 0,99%. 
Rio em 1990 - Den-2 (precedida pelo Den-1 em 1986/87) letalidade do FHD de 3%.
Diagnóstico sorológico: Detecção de IgM (Mac Elisa) a partir do 5o dia de doença = 80% positivo, de 6 a 10 dias = 93 a 99% positivo. 

O desenvolvimento da doença

(1). O mosquito infectado pica o homem.(2). O vírus se dissemina pelo sangue.
(3). Um dos locais preferidos do vírus para se instalar no corpo humano é o tecido que envolve os vasos sangüíneos, chamado retículo-endotelial.
(4). A multiplicação do vírus sobre o tecido que provoca a inflamação dos vasos. O sangue, com isso, circula mais lentamente.
(5). Como a circulação fica mais lenta, é comum que os líquidos do sangue extravasem dos vasos. O sangue torna-se mais espesso.
(6). O sangue, mais espesso, pode coagular dentro dos vasos provocando trombos (entupimentos). Além disso, a circulação lenta prejudica a oxigenação e nutrição ideal dos órgãos.
(7). Com o tempo, se não houver tratamento específico, pode haver um choque circulatório. O sangue deixa de circular, os órgãos ficam prejudicados e podem parar de funcionar. Isso leva à morte.
Como o Dengue se dissemina?
O dengue é transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, que tiver adquirido o vírus do dengue ao picar uma pessoa doente. O mosquito infectado transmite então a doença, através de sua picada, a outras pessoas que, por sua vez ficam doentes, mantendo assim a cadeia. O diagrama abaixo ilustra esta ação.
Não existe nenhum modo de dizer se um mosquito tem ou não o vírus do dengue, portanto, as pessoas devem proteger-se de todas as picadas de mosquito, o que também as protegerá da malária e outras doenças transmitidas por eles.
Dengue Clássico
  • Suspeito: febre há menos de 7 dias acompanhada de pelo menos dois dos seguintes sintomas: cefaléia, dor retro-orbitária, mialgia, artralgia, prostração, exantema. Ter estado nos últimos 15 dias em área onde esteja ocorrendo a transmissão de Dengue ou tenha a presença do Aedes aegypti.
  • Confirmado: todos os suspeitos residentes em áreas onde já foram confirmados sorologicamente outros casos (situação atual de BH) e todos os suspeitos com IgM positivo.
  • Laboratório: Leucopenia, Lifocitose relativa, atipia linfocitária.
  • Características Clínicas e Diagnóstico diferencial:
  1. A febre é a primeira manifestação e de início repentino.
  2. A febre geralmente é alta, mais de 38o C (quando o paciente não faz uso de antitérmico).
  3. A prostração é intensa nos adultos e pode-se arrastar mesmo após o término da febre.
  4. Nas crianças pequenas o Dengue assemelha-se mais a uma infeção viral inespecífica, sendo os sintomas mais freqüentes a febre, o exantema, o vômito e nas que já falam, a dor abdominal. Já a prostração é menos intensa.
  5. O exantema nas pessoas de pele branca é máculo-papuloso, de cor avermelhada, com limites irregulares da mácula de base.
  6. Em pessoas de pele negra ou morena, o exantema caracteriza-se mais pelas pequenas pápulas.
  7. O exantema sempre aparece de uma vez, não apresentando seqüência ou uniformidade na distribuição.
  8. O exantema pode aparecer em parte do corpo ou atingir o corpo todo. Pode ser tão intenso que chega a coalescer. Pode aparecer também nas palmas das mãos.
  9. A maioria dos pacientes com exantema queixa-se de prurido e em alguns este sintoma é bastante intenso.
  10. É raro o aparecimento de sintomas respiratórios (coriza, tosse, dor de garganta). Se estiverem presentes sem exantema, a suspeita é de gripe ou resfriado.
  11. A febre com exantema, sintomas respiratórios e a presença de linfonodos palpáveis, principalmente os retro-cervicais faz pensar mais em Rubéola.
  12. A febre com Koplik, conjuntivite, coriza intensa, tosse, exantema seqüencial (1o dia cabeça, 2o dia parte superior do tronco e membros superiores, 3o dia tronco inferior e membros inferiores) faz pensar mais em Sarampo.
  13. Em caso de febre com exantema (pele em lixa), amigdalite purulenta, língua saburrosa, pode ser Escarlatina
  14. No exantema máculo-papuloso com evolução para hemorrágico, pensar nas Ricketsioses (epidemiologia positiva para carrapatos na febre maculosa) e na meningococcemia..
  15. Deve-se pesquisar os sinais clássicos da síndrome de irritação meníngea (rigidez de nuca, sinais de Kernig e Brudzinski) pois a febre alta, a cefaléia e vômitos são sintomas comuns aos dois quadros, Meningite e Dengue.
Dengue hemorrágico
Em função da inflamação dos vasos (por causa da instalação dos vírus no tecido que os envolve), há um consumo exagerado de plaquetas, pequenos soldados que trabalham contra as doenças. A falta de plaquetas interfere na homeostase do corpo - capacidade de controlar espontaneamente o fluxo de sangue. O organismo passa a apresentar uma forte tendência a ter hemorragias.
Pode ocorrer: 

1 - Se a pessoa tem dengue pela segunda vez (outro tipo de vírus), pode contrair a hemorrágica. 
2 - Há quatro sorotipos diferentes de dengue. Um deles, o den2, é o mais intenso. Este tipo pode evoluir para a dengue hemorrágica. 
3 - Combinação da seqüência de doença, da força do vírus e da suscetibilidade da pessoa. Se for alguém com Aids, por exemplo, a doença oferece mais riscos.

Conselhos: 

Para controlar a febre hemorrágica, aconselha-se tomar muito líquido e evitar medicamentos a base se ácido acetilsalicílico, como Aspirina ou Melhoral.
Imunidade
O homem só desenvolve imunidade permanente para o tipo de vírus que contraiu. A doença pode reincidir com outro sorotipo. Essa repetição é a que oferece perigo para a hemorrágica.
Tratamento
A pessoa com Dengue deve ficar em repouso, beber muito líquido e só usar medicamento para aliviar as dores e a febre, mas sempre com indicação do médico. A pessoa não pode tomar remédios à base de ácido acetil salicílico, como, por exemplo, a aspirina e o AAS.
Medicamentos a base de Ácido acetil salicílico
São medicamentos que devem ser evitados em caso de suspeita de dengue, uma vez que podem causar sangramentos e acidose. A seguir são enumerados todos os medicamentos que contém Salicilato em sua composição:
Ácido Acetil SalicílicoÁcido Acetil Salicílico (associado)Salicilamida (associada)
AASAAS Adulto
AAs Infantil
Aceticil
Ácido Acetil Salicílico
Aspirina
Aspirina infantil
Aspisin
AlidorCAAS
Endosalil
Intra Acetil
Melhoral Infantil
Ronal
Somalgin Cardio
Alka-SetzerAspi-C
Aspirina "C"
Aspirina
Atagripe
Besaprin
Buferin
Cefurix
Cheracap
Corisona D
Doloxene-A
DoribeDoril
Engov
Melhoral
Melhoral C
Migral
Migrane
Piralgina
Somalgin
Sonrisal
Superhist
BenegripFielon com Vitamina C
Gripionex
Neo-Sativan
Resprax
Termogripe
Fonte: DEF 97/98. Publicação do Jornal Brasileiro de Medicina(c)
Como evitar a doença?
A única maneira de evitar a dengue é não deixar o mosquito nascer. Para isso, é necessário acabar com os criadouros (lugares de nascimento e desenvolvimento dele). Ou seja: não deixe a água, mesmo limpa, ficar parada em qualquer tipo de recipiente como:
  • Garrafas;
  • Pneus;
  • Pratos de vasos de plantas e xaxim;
  • Bacias;
  • Copinhos descartáveis.
Também não se esqueça de tapar:
  • Caixas d´água;
  • Cisternas;
  • Tambores;
  • Poços;
  • Outros depósitos de água.
História
As primeiras epidemias compatíveis com o dengue datam do final do século XVIII. Nesta época, a doença era conhecida como "febre quebra-ossos" devido às fortes dores que causava nas juntas. Já durante os séculos XIX e XX, foram registradas diversas epidemias ao redor do mundo atribuídas ao dengue: Zazibar (1823; 1870), Calcutá (1824; 1853; 1871; 1905), Antilhas(1827), Hong Kong(1901), Estados Unidos (1922), Austrália (1925-26; 1942), Grécia (1927-28), Japão (1942-45). 


Na década de 50, foi reconhecida e descrita pela primeira vez uma grave entidade clínica associada ao dengue, a febre ou dengue hemorrágica. Não se sabe bem porque, mas a dengue hemorrágica se comportou como uma doença relativamente rara antes da década de 50. Isso pode ter acontecido devido aos fatores de ordem social, como a intensa urbanização e maior intercâmbio entre as diferentes regiões do planeta, que podem ter contribuído para o aumento da incidência do dengue de maneira geral possibilitando o aparecimento de grandes contingentes populacionais com experiências imunológicas com o dengue, fazendo com que assim existisse o risco da dengue hemorrágica. 

No Brasil há referências ao dengue desde 1846, quando teria havido uma epidemia no Rio de Janeiro. Há registros de epidemias em São Paulo entre 1852 e 1853 e em 1916. Em 1923 ocorreu uma epidemia em Niterói. A primeira epidemia documentada clínica e laboratorialmente ocorreu em 1981 em Boa Vista, Roraima, causada tipos 1 e 4.

Em 1986, a epidemia de dengue atinge o Rio de Janeiro, Ceará e Alagoas. Só no Rio de Janeiro ocorreram 1.000.000 de casos. No Estado de São Paulo, em 1990, começa uma grande epidemia na região de Ribeirão Preto, que se disseminou para outras regiões. Em 1995, já havia 14 municípios envolvidos com a transmissão da dengue. Atualmente, a situação é alarmante: temos o mosquito Aedes aegypt em 24 Estados, com aproximadamente 1.000 municípios infectados.Como um exemplo da situação atual, temos o município de São Paulo, que, no ano de 1999, teve 61 casos de dengue diagnosticados.
Desses 61, somente 2 são autóctones (a pessoa contraiu dengue no Município de São Paulo) e 59 são importados (a pessoa contraiu dengue em outros municípios do Estado de São Paulo ou em outros Estados do Brasil). Os dois casos autóctones foram identificados nos Distritos Administrativos do Jaguaré (região próxima à Lapa).As medidas necessárias ao controle da doença já foram tomadas, através do desencadeamento de ações tanto no âmbito municipal, quanto estadual.
Acima podemos ver a progressão da doença na América Latina.

Fonte: Unicamp, UFMG, Hospital Santa Lúcia e OMS


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