quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Ministérios estudam plano de combate à violência contra jovens negros

Brasília, quarta-feira, 30 de novembro de 2011 - Ano 13 Nº 2714 
Geral

SEGURANÇA PÚBLICA - Ministérios estudam plano de combate à violência contra jovens negros


Lara Haje

O Brasil poderá ter um plano nacional de combate à violência contra o jovem negro. Previsto no Plano Plurianual (PPA) 2012/2015, ele poderá ser resultado do trabalho de um grupo interministerial, chamado de Sala da Situação, que avaliará as causas e consequências dessa modalidade de violência. O grupo funcionará a partir do ano que vem, sob a coordenação da Secretaria-Geral da Presidência da República.

A informação foi dada ontem, em audiência pública na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, pela secretária de Políticas de Ações Afirmativas da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Sepir), Anhamona Silva de Brito. “Espero que políticas públicas casadas dos ministérios, por meio de um plano nacional, resultem do trabalho do grupo”, afirmou.

Segundo ela, o Mapa da Violência 2011 deverá servir como base para as reflexões do governo. O estudo mostra uma elevação no número de jovens negros mortos na última década e uma queda nas mortes de jovens brancos mortos. Conforme o mapa, o número de homicídios de brancos caiu significativamente no período 2002/2008, passando de 6.592 para 4.582, o que representa uma redução de 31%. Já entre os negros, os homicídios passaram de 11.308 para 12.749 — um incremento de 13%.

O Mapa da Violência revela ainda que, para cada branco assassinado em 2008, morreram proporcionalmente mais de dois negros nas mesmas circunstâncias. Os números vêm crescendo no decorrer dos anos. Em 2002, morriam proporcionalmente 45,8% mais negros do que brancos. Em 2005, esse indicador subiu para 77,8%. E, em 2008, atingiu 127,6%.

Racismo - A representante da Sepir apontou, inicialmente, o racismo como a causa principal dessa violência. “Os negros e as negras são percebidos em nosso País como suspeitos criminosos principais”, afirmou Anhamona. “Essa estigmatização autoriza a violência contra o negro, inclusive por parte do Estado”, criticou.

Segundo o deputado Edson Santos (PT-RJ), essa estigmatização é uma herança da sociedade escravocrata. O deputado Luiz Alberto (PT-BA) também destacou a necessidade de combater a violência policial contra a população negra.

O assessor da Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Guilherme Zambarda, informou que o órgão vem promovendo cursos de capacitação para os policiais federais, nos quais o tema do racismo e da igualdade racial é um dos focos.






Jornal da Câmara 



 

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