terça-feira, 26 de julho de 2011

Só restam dois diretores no DNIT


Terça, 26 Julho 2011 02h01

Por causa da crise, Dilma terá a chance de renovar a maioria do comando do órgão

PAGOT entregou, ontem, sua carta de demissão da diretoria-geral da autarquia

BRASÍLIA (Folhapress) - Com a saída de Luiz Antonio Pagot anunciada ontem, o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) funciona com apenas dois dos sete diretores. Pagot estava afastado do órgão desde o início da crise há 23 dias, quando solicitou férias. Ex-diretor-geral da autarquia, ele foi pressionado pelo Palácio do Planalto a deixar o Governo após as denúncias de superfaturamento e pagamento de propina.

Por causa da crise, a presidente Dilma Rousseff (PT) terá a chance de renovar a maioria do comando do DNIT, que ocupava os postos desde o governo Lula - com indicações, principalmente, do PR. As diretorias de Administração e Finanças e de Infraestrutura Aquaviária já estavam vagas antes das denúncias de corrupção. O diretor de Infraestrutura Rodoviária Hideraldo Caron também não resistiu e pediu demissão na última sexta-feira - a saída não foi publicada no “Diário Oficial” da União.

O diretor-executivo José Henrique Sadok de Sá, que substituía Pagot, foi afastado quando se soube que sua mulher, Ana Paula Araújo, é dona da Construtora Araújo, que assinou contratos para obras por meio de convênios com o próprio DNIT. A expectativa é que o ministro Paulo Sérgio Passos (Transportes) discuta nos próximos dias a reestruturação do órgão com a presidente. Passos tem trabalhado em uma lista com nomes técnicos para substituir os dirigentes afastados do ministério e do DNIT.

A presidente ainda precisa definir o novo secretário-executivo do Ministério dos Transportes, que era ocupada por Passos, e o novo presidente da Valec (estatal de obras ferroviárias).

Ontem, o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), disse que os problemas no Ministério dos Transportes “têm 20 anos” e que existe uma “instabilidade política muito grande” dentro da pasta. Ele falou que, como ministro da Justiça no segundo mandato de Lula, chegou a investigar as irregularidades nos Transportes. “Todo mundo sabe que é um problema que tem 20 anos dentro daquele órgão. É muito bom que a presidenta (Dilma) tenha modificado todo mundo”, disse o governador.

Tarso defendeu também o petista Hideraldo Caron, que deixou o ministério na última sexta-feira. Disse que foi “muito boa” a opção pela exoneração, “até para não misturar o joio com o trigo”.

Mais cedo, em solenidade de lançamento de um programa do governo gaúcho, Tarso disse, ao falar sobre transparência nos órgãos públicos, que o Estado é organizado “para trabalhar na manutenção de privilégios”. Ele não citou nenhum órgão específico.

“Criam-se nichos de poder na estrutura do Estado, invisíveis para a sociedade, e que apela à microinfluência, ao microfisiologismo, à microamizade em um determinado nicho, para fazer transitar suas relações, o que vai corroendo a eficácia do Estado”, afirmou o petista.


Fonte: Folha de Pernambuco

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