sexta-feira, 15 de julho de 2011

Dia de Adeus com os enterros dos primeiros corpos liberados pelo IML




Um ramalhete de flores brancas em homenagem às vítimas da
tragédia do vôo 4896. O gesto delicado contrastou com o
sentimento de dor que marcou o dia de reconhecimento e
liberação dos corpos das 16 pessoas mortas no acidente aéreo
ocorrido na quarta-feira, em Boa Viagem. Enquanto os familiares
se ocupavam com as questões burocráticas, a Polícia Civil e o
Cenipa cuidavam das investigações. O trabalho da polícia deve
identificar a culpabilidade pela tragédia, enquanto os funcionários
da aeronáutica pretendem evitar que novos acidentes aconteçam.
As informações preliminares apontam um problema na turbina como
possível causa do desastre. A análise que determinará em que
condições estavam as turbinas do bimotor será feita no município
de São José dos Campos, em São Paulo. Os vôos da NoAr Linhas
Aéreas agendados para ontem foram cancelados. O dia de hoje
será de despedidas, com os enterros das primeiras vítimas liberadas
pelo Instituto de Medicina Legal (IML). Os textos são de Diego Mendes;
Isabella Fabrício; Priscilla Aguiar e Wellington Silva.
Sete das 16 vítimas da queda do avião bimotor da NoAr Linhas Aéreas
foram identificadas, até o fechamento desta edição, no Instituto de
Medicina Legal (IML). Quatro delas, também foram liberadas e
estão sendo veladas em cemitérios do Recife e Região Metropolitana.
Os enterros estão marcados para hoje. O copiloto Roberto dos Santos Gonçalves,
de 60 anos, será sepultado às 9h no Cemitério Morada da Paz.
Às 11h está previsto o enterro do engenheiro Marcelo Campelo,
já às 14h será sepultado o pastor e gerente financeiro do
Grupo Ser Educacional Ivanildo Santos, de 46 anos, ambos no
Morada da Paz. A engenheira Maria da Conceição Oliveira deve
ser enterrada às 15h no Cemitério de Santo Amaro. Os corpos do
piloto Rivaldo Paurílio Cardoso, de 68 anos, do supervisor de frota
Natan Braga da Silva, de 39 anos, e da professora da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Antônia Fernanda Jalles, de 45 anos,
também foram identificados no mesmo dia, através das impressões digitais.
A gestora do IML Joyse Breenzinckz, disse que as vítimas já identificadas
morreram em virtude da queda da aeronave. Todos, disse ela,
tiveram como causa morte o politraumatismo, com lesões de tronco
e outros membros, ou seja, o óbito foi devido ao impacto da
aeronave no chão. “Analisamos as queimaduras e se eles tivessem
morrido devido a explosão, era diagnosticado fuligem nas vias
respiratórias, o que não é o caso”, explicou. Contudo, todos
sofreram queimaduras de quarto grau, sendo alguns na totalidade
corporal e outros parcialmente.
A primeira vítima a ser identificada foi o copiloto Roberto Gonçalves.
Tanto ele quanto os outros foram identificados, através das
impressões digitais, procedimento chamado de papiloscopia.
“Foi possível extrair as digitais de dez dos 16 corpos, o que
poderá facilitar a identificação. Contudo, além da utilização das
digitais coletadas, seria precoce afirmar se a qualidade do
material dará condições de uso”. Dependendo do estado em
que se encontram os corpos das vítimas, também será utilizada
a identificação através da arcada dentária e parte das vítimas pode
ser submetida a exames de DNA, que serão realizados em um laboratório
da Polícia Científica de Salvador, na Bahia. Para isso foi colhido material
de familiares dos passageiros e tripulantes do voo 4896.
Os seis corpos, que foram carbonizados devido a explosão,
terão de passar por exame de arcada dentária ou comprovação
por DNA, com prazos mais longos para conclusão. Outros elementos,
como anéis, piercings, ajudam na identificação, mas não são fatores
determinantes. “O prazo para identificar os 16 corpos continua sendo
o de dez dias”, asseverou a gestora.
Ainda de acordo com ela, a liberação dos corpos identificados vai
acontecendo após a parte burocrática ser resolvida. “Assim que um
corpo é liberado, comunicamos à família, para que seja providenciada
a documentação necessária”. Duas vezes por dia os familiares recebem
um boletim com novas informações sobre os possíveis motivos do acidente
e sobre o estado dos corpos das vítimas. A gestora do IML pede que os
familiares que queiram saber sobre o reconhecimento dos corpos compareçam
ao Hotel Atlante Plaza, localizado na avenida Beira Mar, no bairro de
Boa Viagem, e não ao Instituto de Medicina Legal. “As 11h e às 17h
iremos divulgar boletins com as informações sobre caso”.

Da Folha de Pernambuco



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