Recife. Os gravadores da
caixa-preta do avião que caiu quarta-feira em Recife, matando 16 pessoas, foram
danificados pelo fogo. No entanto, o presidente da comissão que investiga o
acidente no Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos
(Cenipa), coronel Fernando Silva Alves de Camargo, disse que, apesar dos danos,
as condições de leitura dos equipamentos ainda serão verificadas.
A afirmação foi dada em
entrevista concedida à rádio Força Aérea AM. Também serão analisados outros
materiais coletados, como motores e hélices.
Camargo disse que não aposta
em nenhuma hipótese sobre as causas do acidente. "Por enquanto, estamos
mais coletando dados do que fazendo conjecturas", declarou.
A diretora do Instituto Médico
Legal (IML) de Pernambuco, Joyse Breenzinckr, afirmou ontem que a maioria das
vítimas do avião morreu com o impacto da queda, portanto, antes da explosão.
"As análises preliminares mostram que a maioria morreu em razão de
politraumatismo, e não pelo fogo", disse.
O avião bimotor LET-410, da
Noar Linhas Aéreas, caiu com 16 pessoas (dois tripulantes e 14 passageiros) em
um terreno à beira-mar três minutos após decolar. Com o impacto, a aeronave,
que ia de Recife para Mossoró (RN), pegou fogo e acabou explodindo. A Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac) confirmou que avião e pilotos estavam em
situação regular.
Até o fechamento desta
edição, o IML havia identificado sete corpos de vítimas. O copiloto do avião,
Roberto Gonçalves, 55, foi reconhecido após análise das impressões digitais.
Até a noite de ontem, dois corpos haviam sido liberados: o do copiloto e do
passageiro Marcelo Campelo, 66.
Também foram identificados o
piloto Rivaldo Cardoso, 68, e outro quatro passageiros: Ivanildo Martins dos
Santos Filho (46); de Maria da Conceição Oliveira (46); de Natan Braga da Silva
(39) e de Antonia Fernanda Jalles (46).
Cearense
Uma das vítimas da tragédia
foi o empresário cearense André Louis Pimenta Freitas, 39 anos, filho do
presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL), Francisco
Freitas Cordeiro. Sócio-diretor da empresa paulista Imperjet, André residia em
Salvador (BA), era casado e tinha dois filhos. Até a noite de ontem, o corpo
dele ainda não havia sido identificado. Muito abalada com a perda, a família do
empresário preferiu não dar declarações.
Espera
Segundo a diretora do IML, o
Instituto conseguiu colher as digitais de dez vítimas. Testes de DNA e análises
de arcadas dentárias também estão sendo usados para identificar os corpos. O
material genético das vítimas e de familiares foi enviado para análise no
laboratório do IML de Salvador. Os resultados devem ser divulgados entre 10 e
15 dias.
Segundo Joyse Breenzinckr,
"numa perspectiva otimista", será possível identificar dez dos corpos
através de impressões digitais porque, embora todos tenham sido carbonizados,
muitos o foram parcialmente, facilitando a identificação.
Uma equipe de 20
profissionais - 12 médicos-legistas, três odontologistas e auxiliares - está envolvida
com o trabalho de identificação.
A Noar Linhas Aéreas manteve
ontem a suspensão dos seus voos regulares - Recife/Maceió e
Recife/Natal/Mossoró. Hoje, a empresa pretende retomar as operações com o
trecho Recife-Maceió.
Uma equipe irá trabalhar 24
horas por dia para embalsamar, higienizar e preparar os corpos para os
velórios. Após esse tratamento, algumas vítimas serão enterradas na capital
pernambucana e outras serão transferidas para suas cidades.
Na última quarta-feira, logo
após a decolagem, às 6h51 (horário de Brasília), o piloto avisou que estava em
situação de emergência e tentaria pousar na praia de Boa Viagem. O avião, no
entanto, caiu apenas três minutos depois de deixar o aeroporto e pegou fogo.
O bimotor seguiria de Recife
para a cidade de Mossoró (RN), com escala em Natal. A área onde o avião caiu
fica em um bairro residencial de classe alta, próximo da cidade de Jaboatão dos
Guararapes. No terreno estava montado um circo há cerca de duas semanas.
Investigações
As investigações sobre o
acidente com o LET-410 estão sob responsabilidade do Serviço Regional de
Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa 2), da Aeronáutica.
"Faremos uma grande
coleta de dados, que vai abordar informações dos destroços, dos gravadores de
voo, da manutenção da aeronave e dos pilotos. As investigações não têm um prazo
para acabar", afirmou o tenente-coronel Frederico Marcondes, chefe da
divisão de aviação civil do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes
Aeronáuticos (Cenipa).
O segurança do terreno,
Erandir Rodrigues da Silva, 42, estava no local no momento do acidente e
afirmou ter visto duas explosões após a queda.
Durante todo o dia, curiosos
foram até o terreno para ver o local da tragédia. Ontem pela manhã, algumas
flores foram colocadas em homenagem às vítimas do acidente.
Companhia aérea
A noar cancelou os voos de
ontem
De acordo com a empresa, foi
preciso reprogramar os voos de forma gradativa, a partir de hoje, voltando a
operar no trecho Recife - Maceió.
A companhia, que começou a
operar em 2010, tem voos diários de Recife (PE) para Maceió (AL), Natal e
Mossoró (ambas no RN)
De acordo com o site da
empresa, os trechos custam entre R$ 132,11 e R$ 370,16
Ontem, uma aeronave da Noar-
um LET 410 (mesmo modelo do avião acidentado) - ficou em solo para eventuais
análises da investigação
Os passageiros com voos
agendados para ontem foram remanejados para outras companhias aéreas
Segundo a Noar Linhas
Aéreas, foi disponibilizado para as famílias todo o suporte relacionado aos
serviços funerários, traslados terrestres e aéreos.
Fonte: Noar Linhas Aéreas
VÍTIMA DE TRAGÉDIA
Corpo de copiloto do voo
será enterrado em Recife
De acordo com familiares,
Roberto Gonçalves teve duas chances de escapar do acidente aéreo
Recife Primeira vítima a ser
identificada, o corpo do copiloto Roberto Gonçalves, 55, começou a ser velado
na noite de ontem no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, na região metropolitana
do Recife, onde a empresa Noar reservou espaço para as 16 vítimas.
O filho de Roberto, Honey
Gonçalves, que mora na França e é piloto de um empresa aérea brasileira, chegou
ao Recife para o enterro do pai, que será hoje às 10 horas. Muito abalado, ele
não quis falar com a imprensa. O irmão Adriano, que estuda aviação há dois anos
e mora em Paulista (PE), havia acompanhado o pai em um voo Recife/Maceió/Recife
no sábado (9) e nada percebeu de diferente na aeronave. "Meu pai tinha
confiança, não havia nada suspeito", disse.
Roberto teve duas chances de
escapar do acidente fatal. Além de estar de folga e de ter aceitado o pedido de
um colega para substituí-lo, chegou atrasado ao aeroporto dos Guararapes e por
pouco não embarcou.
"Liguei para meu pai
para dar a notícia, mas seus telefones não atenderam", afirmou o filho
Adriano, contando que só soube da morte do pai quando chegou na casa dele e
conversou com a madrasta. "Era o dia dele, infelizmente", lamentou.
Herói
Para Adriano, Roberto Gonçalves
morreu como "um herói". "Ao ver as imagens do acidente, vi
nitidamente a tentativa de pouso de emergência".
O copiloto baiano Sérgio
Novis, 47 anos, iria estar no voo que caiu em um terreno baldio. Por problemas
pessoais, ele acabou trocando o dia de trabalho com Gonçalves. Novis postou um
texto em uma rede social sobre a tragédia.
"Queridos amigos, uma
tragédia como essas deixa a gente sem palavras pra expressar o que sentimos e,
além de perder colegas de trabalho e amigos, sinto muito pelas famílias dos
passageiros que foram vítimas deste terrível acidente", escreveu Novis.
fonte: globo.com
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