sexta-feira, 15 de julho de 2011

Caixa-preta da aeronave está danificada

O COPILOTO foi morto por politraumatismo ocasionado pelo impacto do avião com o solo







Investigadores analisarão as condições dos equipamentos para identificar as causas da queda do avião

Recife. Os gravadores da caixa-preta do avião que caiu quarta-feira em Recife, matando 16 pessoas, foram danificados pelo fogo. No entanto, o presidente da comissão que investiga o acidente no Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), coronel Fernando Silva Alves de Camargo, disse que, apesar dos danos, as condições de leitura dos equipamentos ainda serão verificadas.

A afirmação foi dada em entrevista concedida à rádio Força Aérea AM. Também serão analisados outros materiais coletados, como motores e hélices.

Camargo disse que não aposta em nenhuma hipótese sobre as causas do acidente. "Por enquanto, estamos mais coletando dados do que fazendo conjecturas", declarou.

A diretora do Instituto Médico Legal (IML) de Pernambuco, Joyse Breenzinckr, afirmou ontem que a maioria das vítimas do avião morreu com o impacto da queda, portanto, antes da explosão. "As análises preliminares mostram que a maioria morreu em razão de politraumatismo, e não pelo fogo", disse.

O avião bimotor LET-410, da Noar Linhas Aéreas, caiu com 16 pessoas (dois tripulantes e 14 passageiros) em um terreno à beira-mar três minutos após decolar. Com o impacto, a aeronave, que ia de Recife para Mossoró (RN), pegou fogo e acabou explodindo. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) confirmou que avião e pilotos estavam em situação regular.

Até o fechamento desta edição, o IML havia identificado sete corpos de vítimas. O copiloto do avião, Roberto Gonçalves, 55, foi reconhecido após análise das impressões digitais. Até a noite de ontem, dois corpos haviam sido liberados: o do copiloto e do passageiro Marcelo Campelo, 66.

Também foram identificados o piloto Rivaldo Cardoso, 68, e outro quatro passageiros: Ivanildo Martins dos Santos Filho (46); de Maria da Conceição Oliveira (46); de Natan Braga da Silva (39) e de Antonia Fernanda Jalles (46).

Cearense

Uma das vítimas da tragédia foi o empresário cearense André Louis Pimenta Freitas, 39 anos, filho do presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL), Francisco Freitas Cordeiro. Sócio-diretor da empresa paulista Imperjet, André residia em Salvador (BA), era casado e tinha dois filhos. Até a noite de ontem, o corpo dele ainda não havia sido identificado. Muito abalada com a perda, a família do empresário preferiu não dar declarações.

Espera

Segundo a diretora do IML, o Instituto conseguiu colher as digitais de dez vítimas. Testes de DNA e análises de arcadas dentárias também estão sendo usados para identificar os corpos. O material genético das vítimas e de familiares foi enviado para análise no laboratório do IML de Salvador. Os resultados devem ser divulgados entre 10 e 15 dias.

Segundo Joyse Breenzinckr, "numa perspectiva otimista", será possível identificar dez dos corpos através de impressões digitais porque, embora todos tenham sido carbonizados, muitos o foram parcialmente, facilitando a identificação.

Uma equipe de 20 profissionais - 12 médicos-legistas, três odontologistas e auxiliares - está envolvida com o trabalho de identificação.

A Noar Linhas Aéreas manteve ontem a suspensão dos seus voos regulares - Recife/Maceió e Recife/Natal/Mossoró. Hoje, a empresa pretende retomar as operações com o trecho Recife-Maceió.

Uma equipe irá trabalhar 24 horas por dia para embalsamar, higienizar e preparar os corpos para os velórios. Após esse tratamento, algumas vítimas serão enterradas na capital pernambucana e outras serão transferidas para suas cidades.

Na última quarta-feira, logo após a decolagem, às 6h51 (horário de Brasília), o piloto avisou que estava em situação de emergência e tentaria pousar na praia de Boa Viagem. O avião, no entanto, caiu apenas três minutos depois de deixar o aeroporto e pegou fogo.

O bimotor seguiria de Recife para a cidade de Mossoró (RN), com escala em Natal. A área onde o avião caiu fica em um bairro residencial de classe alta, próximo da cidade de Jaboatão dos Guararapes. No terreno estava montado um circo há cerca de duas semanas.

Investigações

As investigações sobre o acidente com o LET-410 estão sob responsabilidade do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa 2), da Aeronáutica.

"Faremos uma grande coleta de dados, que vai abordar informações dos destroços, dos gravadores de voo, da manutenção da aeronave e dos pilotos. As investigações não têm um prazo para acabar", afirmou o tenente-coronel Frederico Marcondes, chefe da divisão de aviação civil do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

O segurança do terreno, Erandir Rodrigues da Silva, 42, estava no local no momento do acidente e afirmou ter visto duas explosões após a queda.

Durante todo o dia, curiosos foram até o terreno para ver o local da tragédia. Ontem pela manhã, algumas flores foram colocadas em homenagem às vítimas do acidente.

Companhia aérea
A noar cancelou os voos de ontem

De acordo com a empresa, foi preciso reprogramar os voos de forma gradativa, a partir de hoje, voltando a operar no trecho Recife - Maceió.

A companhia, que começou a operar em 2010, tem voos diários de Recife (PE) para Maceió (AL), Natal e Mossoró (ambas no RN)

De acordo com o site da empresa, os trechos custam entre R$ 132,11 e R$ 370,16

Ontem, uma aeronave da Noar- um LET 410 (mesmo modelo do avião acidentado) - ficou em solo para eventuais análises da investigação

Os passageiros com voos agendados para ontem foram remanejados para outras companhias aéreas

Segundo a Noar Linhas Aéreas, foi disponibilizado para as famílias todo o suporte relacionado aos serviços funerários, traslados terrestres e aéreos.

Fonte: Noar Linhas Aéreas

VÍTIMA DE TRAGÉDIA
Corpo de copiloto do voo será enterrado em Recife

De acordo com familiares, Roberto Gonçalves teve duas chances de escapar do acidente aéreo

Recife Primeira vítima a ser identificada, o corpo do copiloto Roberto Gonçalves, 55, começou a ser velado na noite de ontem no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, na região metropolitana do Recife, onde a empresa Noar reservou espaço para as 16 vítimas.

O filho de Roberto, Honey Gonçalves, que mora na França e é piloto de um empresa aérea brasileira, chegou ao Recife para o enterro do pai, que será hoje às 10 horas. Muito abalado, ele não quis falar com a imprensa. O irmão Adriano, que estuda aviação há dois anos e mora em Paulista (PE), havia acompanhado o pai em um voo Recife/Maceió/Recife no sábado (9) e nada percebeu de diferente na aeronave. "Meu pai tinha confiança, não havia nada suspeito", disse.

Roberto teve duas chances de escapar do acidente fatal. Além de estar de folga e de ter aceitado o pedido de um colega para substituí-lo, chegou atrasado ao aeroporto dos Guararapes e por pouco não embarcou.

"Liguei para meu pai para dar a notícia, mas seus telefones não atenderam", afirmou o filho Adriano, contando que só soube da morte do pai quando chegou na casa dele e conversou com a madrasta. "Era o dia dele, infelizmente", lamentou.

Herói

Para Adriano, Roberto Gonçalves morreu como "um herói". "Ao ver as imagens do acidente, vi nitidamente a tentativa de pouso de emergência".

O copiloto baiano Sérgio Novis, 47 anos, iria estar no voo que caiu em um terreno baldio. Por problemas pessoais, ele acabou trocando o dia de trabalho com Gonçalves. Novis postou um texto em uma rede social sobre a tragédia.

"Queridos amigos, uma tragédia como essas deixa a gente sem palavras pra expressar o que sentimos e, além de perder colegas de trabalho e amigos, sinto muito pelas famílias dos passageiros que foram vítimas deste terrível acidente", escreveu Novis.


fonte: globo.com

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