
Oposição entra com pedido de impeachment contra Agnelo Queiroz
Dois partidos de oposição no Distrito Federal, o DEM e o PSDB, entraram
nesta quarta-feira (9) com quatro pedidos de impeachment contra o
governador Agnelo Queiroz (PT) na Câmara Legislativa. Agnelo é acusado
de ter recebido propina para autorizar a comercialização de um
medicamento quando era dirigente da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa). O governador também é acusado de envolvimento em
desvios de verbas do programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte,
quando era o titular da pasta (entre 2003 e 2006).
Além dos dois pedidos do PSDB e dois do DEM --sendo dois em nome das
legendas e dois em nome dos presidentes dos diretórios--, há ainda outro
pedido de impeachment feito por um advogado identificado como Rodrigo
Pereira.
“O esclarecimento das denúncias é necessário. Se elas forem falsas,
Agnelo corre riscos. Se forem verdadeiras, quem corre riscos é o povo de
Brasília”, afirma o presidente em exercício do diretório do PSDB,
Raimundo Ribeiro. Agnelo nega as acusações e disse ser vítima de uma “armação”.
Os pedidos foram recebidos pela Mesa Diretora da Câmara e encaminhados
para análise da Procuradoria da Casa. Se estiverem de acordo com os
requisitos exigidos, eles vão para a Comissão de Constituição e Justiça
(CCJ), onde será criada uma comissão de análise. Somente após serem
aprovados na comissão é que os pedidos são encaminhados para votação no
plenário.
CPI
A deputada distrital Celina Leão (PSD) tenta convencer seus colegas a
formalizar uma investigação sobre o assunto. A deputada já conseguiu
seis das oito assinaturas necessárias para se protocolar uma CPI na
Câmara Legislativa. Além dela, os distritais Aylton Gomes (PR), Eliana
Pedrosa (PSD), Liliane Roriz (PRTB), Rôney Nemer (PMDB) e Wellington
Luiz (PSC) já assinaram o pedido de abertura da comissão.
A surpresa entre os apoiadores da iniciativa vem dos dois últimos
deputados, considerados aliados do governo petista. Nemer é do PMDB
–legenda do vice de Queiroz– e Luiz é policial civil que, em nome da
categoria –que está em greve desde 27 de outubro por falta de
cumprimento de acordos trabalhistas– resolveu aderir ao movimento contra
o governador.
Reviravolta em caso de propina
O líder do PT na Câmara Legislativa do Distrito Federal, Chico
Vigilante, divulgou na terça-feira (8) um vídeo com o mesmo denunciante
que acusou o governador do Distrito Federal de cobrança de propina
quando era dirigente da Anvisa. Nas imagens, Daniel Tavares nega o que
disse em depoimento gravado às deputadas distritais do PSD, Celina Leão e
Eliana Pedrosa.
O vídeo chegou um dia depois de a deputada Celina Leão mostrar em
plenário um recibo de um suposto pagamento de propina feito a Agnelo por
uma empresa do ramo farmacêutico, a União Química, no valor de R$
5.000. No depoimento feito aos parlamentares, Tavares disse que o
montante era parte do valor acertado para a liberação do medicamento da
empresa.
“Isso foi uma quantia que ele tinha me emprestado numa fase em que eu
estava com muita dificuldade e assim que eu tive condições financeiras,
ressarci o dinheiro. Foi uma transferência bancária. Não tem nada a ver
com outra coisa. É simplesmente um dinheiro que ele me emprestou e que
tinha que pagar para ele”, disse Tavares na gravação.
Em entrevista exclusiva ao programa Balanço Geral da Rede Record,
Tavares foi além e acusou as deputadas de terem negociado com ele para
prejudicar o governador petista.
“Eu falei tudo aquilo que eles queriam ouvir (...). Todos os pontos que
foram colocados foram plantados pelo senhor Eduardo [Pedrosa, irmão da
deputada Eliana Pedrosa] e pela senhora Celina Leão”, afirmou Tavares na
entrevista.
Diante da reviravolta na versão sobre a acusação, a deputada distrital
Eliana Pedrosa informou, por meio de sua assessoria, que irá processar
Daniel Tavares. Ela nega qualquer tipo de troca financeira para
conseguir tais informações e deixou à disposição seu sigilo telefônico e
bancário para a investigação da polícia.
Pedrosa e Celina Leão foram até a Polícia Federal e à Polícia Civil
pedir a apuração do caso. Elas entregaram uma cópia da conversa que
tiveram com Daniel Tavares, no último dia 23 de outubro.
A versão das deputadas é que Daniel Tavares havia procurado a deputada
Eliana Pedrosa, que chamou Celina Leão –por ela ser presidente da
Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do DF– para ouvir o
denunciante que afirmava estar sendo ameaçado de morte.
UOl Noticias
Nenhum comentário:
Postar um comentário