O
presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou nesta
terça-feira que o futuro da companhia petrolífera não passa pela
expansão internacional, mas por concentrar-se no Brasil, onde destinará
95% de seus investimentos até 2015. Em entrevista à Agência Efe em
Tóquio, onde está como parte de uma viagem pelo continente asiático para
buscar alianças e potenciais investidores, Gabrielli, de 62 anos,
ressaltou as "enormes oportunidades" do Brasil, país em que a Petrobras
prevê aplicar R$ 373,5 bilhões nos próximos quatro anos. Só 5% dos
investimentos da estatal petrolífera serão investidos em operações no
exterior, principalmente no litoral ocidental da África e no Golfo do
México. Entre os projetos que a Petrobras desenvolve no Brasil está o da
refinaria de
Abreu e Lima (Pernambuco), que nasceu como uma iniciativa
binacional com a venezuelana PDVSA, mas em 2007, pela demora da sócia em
apresentar os valores comprometidos, a brasileira decidiu começar a
construção sozinha. Perguntado pelo fim do prazo em 30 de novembro dado
pela PDVSA para que adquira 40% do capital social da refinaria,
Gabrielli, da mesma forma que fez na segunda-feira diante da imprensa
japonesa, não quis tecer nenhum comentário. "Esperaremos até 30 de
novembro, não posso dizer nada mais", limitou-se sobre o futuro da
refinaria, que deverá ter capacidade para processar 230 mil barris
diários de petróleo a partir de 2013. Ele falou ainda sobre a
possibilidade de uma aliança com a Petróleos Mexicanos (Pemex). Mas para
isso é preciso uma mudança na legislação no México, que atualmente não
permite associações estratégicas com outras empresas para produzir
petróleo e gás. "Falamos em inúmeras ocasiões com a Pemex", mas "o
problema é que o entorno legal não permite trabalhar a não ser que
sejamos uma prestadora de serviços", indicou Gabrielli, quem está à
frente da Petrobras há seis anos. Para uma aliança estratégica com a
Pemex "é preciso mudar a lei; temos de esperar", insistiu, e lembrou que
no passado já foi cogitada a criação de uma joint venture nos EUA, mas o
assunto não avançou também por problemas na legislação. Gabrielli, que
retorna nesta quarta-feira ao país após ter apresentado o plano de
negócio da Petrobras em Cingapura, Coreia do Sul e Japão, destacou que o
objetivo é buscar parceiros e consolidar relações com os investidores
"no longo prazo" que possam aumentar suas participações no Brasil. Uma
das principais unidades de exploração é o pré-sal, as reservas de
petróleo no Oceano Atlântico em águas profundas que podem transformar o
país em um dos maiores exportadores mundiais, para o que é preciso uma
grande infraestrutura. Gabrielli precisou que em suas reuniões na Ásia
"não falou somente sobre o pré-sal. Falou-se de tudo", revelou. "O
pré-sal é muito importante para nós, mas representa 2% da produção neste
momento", embora deva ganhar peso já que a previsão é que represente
"18% em 2015 e 40% em 2020". O brasileiro ressaltou a aposta da
Petrobras pelo etanol e os biocombustíveis em geral, nos quais
investirão R$ 7,1 bilhões nos próximos cinco anos, em um plano de
desenvolvimento de uma segunda geração deste tipo de combustíveis
eficientes. No Brasil, o etanol, que começou a ser utilizado nos anos
70, ganhou mercado na indústria automotora e atualmente cerca de 90% dos
carros novos saem de fábrica com a tecnologia "flex", que permite a
combustão à gasolina e etanol. Embora a divisão de biocombustível tenha
cada vez maior peso, a Petrobras espera dar um grande impulso nos
próximos anos para sua produção de petróleo, que prevê elevar dos 2
milhões de barris diários atuais para os 4,9 milhões para 2020. "O
futuro não vai ser cancelado pela crise", ressaltou Gabrielli. A crise
não afetará o setor porque "a maior parte da demanda não vem da Europa,
dos EUA e do Japão", mas da China, Índia, Brasil, América do Sul e
África. "Essa é a realidade dos últimos cinco anos, e será assim também
nos próximos", concluiu.
"Copyright Efe -
Todos os direitos de reprodução e representação são reservados para a Agência Efe."
Nenhum comentário:
Postar um comentário