Saúde
Estudo revela que suplementos alimentares podem provocar câncer
Alguns suplementos alimentares com doses muito elevadas
de compostos que ajudam a prevenir o câncer e estão presentes na dieta
mediterrânea podem ter o efeito contrário e causar a doença, apontou um
estudo divulgado recentemente em Portugal.
A pesquisadora da Unidade de Química e Física Molecular da
Universidade de Coimbra, Paula Marques, explicou nesta terça-feira
(24) à Agência Efe que o estudo coordenado por ela foi feito em
colaboração com o laboratório britânico Rutherford Appleton e o
Instituto Português de Oncologia.
O trabalho analisou de forma individualizada o efeito dos compostos
presentes em alimentos próprios da dieta mediterrânea na prevenção do
câncer de pele e de mama.
Antioxidantes e fitoquímicos como o ácido caféico e os flavonóides,
entre outros, se revelaram úteis para prevenir o câncer de pele e de
mama, conforme foi observado na pesquisa.
A novidade é que o efeito positivo depende de que esses alimentos
sejam consumidos nas doses adequadas, já que a partir de certo ponto
podem ser nocivos e provocar o surgimento da doença.
"Em uma dieta normal nunca corremos risco, já que esses compostos não
estão presentes nos alimentos em quantidades muito altas", explicou.
Mas, de acordo com Paula, "o problema pode aparecer em suplementos e
aditivos alimentares, onde a concentração dessas substâncias pode ser
muito alta", indicou.
A pesquisadora portuguesa informou que esses suplementos só devem ser
tomados em momentos pontuais, "e não por períodos de tempo muito
prolongados".
A descoberta fez Paula pedir às autoridades de saúde que obriguem as
empresas a colocarem no rótulo desses aditivos os nomes dos compostos
contidos e as quantidades, o que atualmente não é feito.
"Existem suplementos que são vendidos em supermercados, como os de
extrato de alho e gengibre, que podem apresentar concentrações muito
altas desses antioxidantes", disse Paula.
"Esses aditivos deveriam indicar claramente sua composição para que
as pessoas e os médicos tivessem acesso a essa informação, assim como
ocorre com os demais alimentos ou remédios", ressaltou.
O seguinte passo dos autores desse estudo será começar com o teste em
animais para tentar "determinar quais são as doses mais corretas".
No entanto, a pesquisadora alertou que, por enquanto, "não há
financiamento" devido às dificuldades econômicas e os cortes aplicados
às pesquisas.
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R7.com
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