Postagem especial
Substâncias químicas decorrentes da produção industrial podem prejudicar o sistema imunológico

Uma série de produtos químicos bastante utilizados na indústria pode vir a afetar a eficácia das vacinas mais utilizadas.

Essa
diminuição da reação pode significar que os PFCs prejudicam o sistema
imunológico, diz Philippe Grandjean, epidemiologista ambiental da
Faculdade de Saúde Pública de Harvard, em Boston, principal autor do
artigo. As pesquisas anteriores realizadas pela sua equipe demonstraram
que uma outra classe de compostos amplamente utilizados, os bifenilos
policlorados (PCBs), também está relacionada a prejuízos no sistema
imunológico.
"Achávamos que essa era uma notícia ruim, mas o
efeito dos PFCs é muito mais forte do que tínhamos percebido no caso dos
PCBs", diz Grandjean, que também trabalha na Universidade do Sul da
Dinamarca, em Odense. "É provável que ele permaneça nas crianças pela
vida inteira."

Dori
Germolec, imunologista do Instituto Nacional de Ciências da Saúde
Ambiental dos Estados Unidos, no Research Triangle Park, com sede na
Carolina do Norte, diz que os efeitos negativos dos PFCs no sistema
imunológico de camundongos são conhecidos. "Os dados deste trabalho
reiteram o que foi publicado na literatura a respeito de testes
conduzidos com animais em laboratório nos últimos anos", diz ela. "Esses
compostos são imunossupressores."

O que o sangue revela
A
equipe de Grandjean levantou dados nas Ilhas Faroe, estudando 587
crianças nascidas no Hospital Nacional de Torshavn no período de 1999 a
2001. Os pesquisadores mediram os níveis de PFCs no soro do sangue
materno coletado durante a gravidez para avaliar a exposição pré-natal e
mediram a exposição pós-natal, analisando os níveis de PFCs no sangue
de seus filhos quando tinham 5 anos. Eles então compararam esses dados
com as reações imunológicas das crianças a vacinas contra o tétano e a
difteria quando elas tinham 5 e 7 anos.
Um aumento de duas vezes
nos índices dos principais PFCs no sangue de uma criança de 5 anos se
mostrou associado a uma diminuição de 50 por cento nas concentrações de
anticorpos contra o tétano e a difteria quando elas tinham 7 anos.
Descobriu-se que a duplicação das concentrações de dois PFCs específicos
- o ácido perfluoro-octanossulfônico (PFOS) e o ácido
perfluoro-octanóico (PFOA) - triplica o risco de uma criança de sete
anos de idade ter muito poucos anticorpos para estar protegida contra a
doença. Atualmente, o PFOS e o PFOA já estão sendo retirados do mercado
por um fabricante industrial, a 3M, em St. Paul, Minnesota. Contudo,
interromper a produção agora não vai reduzir o risco de imediato, porque
os PFCs permanecem no ambiente por longos períodos.

Margie
Peden-Adams, toxicologista da Universidade de Nevada, em Las Vegas, diz
que o trabalho de Grandjean se soma a evidências de que pode haver uma
ligação entre os PFCs e a supressão imunológica em humanos. O próximo
passo, diz ela, será repetir os experimentos em outras populações,
testar se o efeito se dá exclusivamente no povo das Ilhas Faroe,
determinar o risco de várias vias de exposição e descobrir exatamente
como os produtos químicos afetam o sistema imunológico.
Até hoje,
não se sabe com certeza quais são as vias de absorção pelas quais os
PFCs adentram o organismo dos seres humanos, nem sua importância.
Sabe-se que muitos produtos químicos que causam problemas de saúde se
acumulam em animais marinhos, e a população das Ilhas Faroe costuma se
alimentar à base de peixe. No entanto, os níveis de PFCs no sangue dos
faroenses na verdade não são mais elevados do que os dos americanos,
ingleses ou dinamarqueses. A ingestão de animais marinhos contaminados
provavelmente não é a única via de exposição, já que os PFCs são
utilizados na fabricação de têxteis e embalagens de alimentos.

A
equipe de Grandjean recebeu subsídios do Institutos Nacionais de Saúde
dos Estados Unidos para continuar o seu trabalho e estudar outro grupo
de crianças das Ilhas Faroe. Os pesquisadores também têm planos de
examinar crianças na Groenlândia.
Os resultados se somam a
preocupações acerca de muitos tipos diferentes de produtos químicos
usados na fabricação de produtos e alimentos. As pesquisas que vinculam
os problemas de saúde aos retardadores de chamas e à substância bisfenol
A, utilizada na fabricação de plástico, causaram temores generalizados.
Grandjean diz que o modo como as substâncias são testadas e aprovadas precisa ser revisto.
"Não
houve pressão suficiente para fazer com que a toxicidade gerada pela
produção em escala industrial seja uma prioridade", diz ele. "Esse é um
problema muito mais amplo."
The New York Times News
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Fonte: MSN.com
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